Uma homenagem a Murilo Mendes

Em 1992, quando trabalhava na Funalfa realizamos uma exposição na Biblioteca Murilo Mendes com quadros inspirados na poesia de Murilo e um varal de poesias com ilustrações. A poesia “Os Pobres” sempre me encantou e esse quadro é minha homenagem a Murilo Mendes.
os pobres 1992 rose valverde site - Uma homenagem a Murilo Mendes
Os Pobres – Rose Valverde – Óleo sem Tela – 1992
Os Pobres – Murilo Mendes
Chegam nus, chegam famintos

À grade dos nossos olhos.
Expulsos da tempestade de fogo
Vêm de qualquer parte do mundo,
Ancoram na nossa inércia.
Precisam de olhos novos, de outras mãos,
Precisam de arados e sapatos,
De lanternas e bandas de música,
Da visão do licorne
E da comunidade com Jesus.
Os pobres nus e famintos
Nós os fizemos assim.”

Murilo Monteiro Mendes, nasceu dia 13 de maio de 1901, em Juiz Fora, Minas Gerais. Aos 9 anos diz ter tido uma revelação poética ao assistir a passagem do cometa Halley. Em 1917, uma nova revelação: fugiu do colégio em Niterói para assistir, no Rio de Janeiro, às apresentações do bailarino Nijinski. Muda-se definitivamente para o Rio em 1920. Os anos de 1924 a 1929 foram dedicados à formação cultural e à luta contra a instabilidade profissional. Foi arquivista no Ministério da Fazenda e funcionário do Banco Mercantil. Nesse período publica poemas em revistas modernistas como “Verde” e “Revista de Antropofagia”. Seu primeiro livro, “Poemas”, é publicado em 1930. É agraciado com o Prêmio Graça Aranha. Converte-se ao catolicismo em 1934. Torna-se inspetor de ensino em 1935. Em 1940, conhece Maria da Saudade Cortesão, com quem se casaria em 1947. Com tuberculose, é internado em sanatório na região de Petrópolis, em 1934. Em 1946, torna-se escrivão da 4ª Vara de Família do Distrito Federal. Cumpre missão cultural na Europa, proferindo diversas conferências. Muda-se para a Itália em 1957, onde se torna professor de Cultura Brasileira na Universidade de Roma. Foi também professor na Universidade de Pisa. Seus livros são publicados por toda a Europa. Em 1972, recebe o prêmio internacional de poesia Etna-Taormina. Vem ao Brasil pela última vez. Murilo Mendes morre em Lisboa, no dia 13 de agosto de 1975.

OBRAS:
“Poemas” (1930), “Bumba-meu-poeta” (1930), “História do Brasil” (1933), “Tempo e eternidade” – com Jorge de Lima (1935), “A poesia em pânico” (1937), “O Visionário” (1941), “As metamorfoses” (1944), “Mundo enigma” e “O discípulo de Emaús” (1945), “Poesia liberdade” (1947), “Janela do caos” – França (1949), “Contemplação de Ouro Preto” (1954), “Office humain” – França (1954), “Poesias (Obra completa até esta data)” (1959), “Tempo espanhol” – Portugal (1959), “Siciliana” – Itália (1959), “Poesie” – Itália (1961), “Finestra del caos” – Itália (1961), “Siete poemas inéditos” – Espanha (1961), “Poemas” – Espanha (1962), “Antologia Poética” – Portugal (1964), “Le Metamorfosi” – Itália (1964), “Italianíssima (7 Murilogrami) – Itália 1965), “Poemas inéditos de Murilo Mendes” – Espanha (1965), “A idade do serrote” (1968), “Convergência” (1970), “Poesia libertá” – Itália (1971), “Poliedro” (1972), “Retratos-relâmpagos, 1ª série” (1973),”Antologia Poética” (1976) e “Poesia Completa e Prosa” (1994).

Mais informações: Museu de Arte Moderna Murilo MendesRua Benjamin Constant, 790 – Centro – Telefone: (32) 3229-9070