Trabalho, qual trabalho?

Pra quem gosta do que faz, o Dia do Trabalho acaba sendo um dia pra trabalhar também. Um dia para planejar e, quem sabe, ficar pensando em como melhorar o seu negócio.

Hoje, fiquei arrumando meus materiais, separando desenhos, guardando certificados e materiais de estudo. Ao mesmo tempo, pensava em como a gente guarda coisas, junto com as experiências que acumulamos dentro da gente. Pra quê guardar lembranças materiais de experiências, cursos etc…? Talvez pra quando a gente se aposentar (como eu fiz ano passado) jogar fora as coisas que já não fazem parte de nosso dia a dia e começar outra jornada.

Não, não parei! Nem vou parar nunquinha porque faço o que gosto. Mas confesso que sinto falta de dar aulas, de conversar sobre arte, sobre empreendedorismo e sobre assuntos não tão banais que acabam surgindo na sala de aula.

Mas hoje é Dia do Trabalho. Dia que o trabalhador comemora tirando uma folga. Alguns né? Porque tem muita gente que tá trabalhando até agora!

Minha maior angústia não é o trabalho, é quanto o nosso trabalho paga de imposto para ser desviado e não retorna em benefícios para nós. Milhões de brasileiros trabalham sol a sol e esquecem de colocar na ponta do lápis o que pagam de imposto no café com pão, no transporte, na luz da sua casa, nas roupas que usa, no material que utiliza pra obter seu sustento. Às vezes, lembro-me da música do Legião Urbana: “Que país é esse?”. Em seguida, algo dentro de mim responde: “nós fazemos nosso país”. Nós faremos novas escolhas daqui a um tempo. Basta saber escolher, ou melhor, basta não escolher JAMAIS os políticos que aí estão se locupletando e destruindo os sonhos e a vida de muitos que sofrem a consequência da falta de estrutura da saúde, da educação etc…

Até o Futebol que todos diziam que era o “ópio do povo” começa a decepcionar torcidas que veem as investigações colocarem no pedestal o dinheiro como prêmio, ao invés do troféu conquistado com garra. Esse povo que esquecia suas angústias no esporte foi manipulado e escrachado pelas elites manipuladoras dos resultados de campeonatos e até da Copa do Mundo.

Para reconstruirmos o orgulho de um povo e seus valores, teríamos que iniciar pela retomada do poder pelo povo, para que os políticos percebam quem os colocou lá e comecem a fazer o que precisam fazer e não o que querem fazer.

Nossa luta começa na rua em que moramos, na cidade em que vivemos e na comunidade da qual dependemos. A valorização de nosso trabalho começa quando exigimos a aplicação justa e honesta dos impostos que pagamos. Melhorar o acesso a informação, capacitação, lazer e cultura é essencial para reconstruirmos nossos valores.

Teremos muito trabalho para reconstruir nossos valores e nossa dignidade, mas, com certeza, valerá a pena. Pensar no futuro e mostrar o que queremos não começa quando se faz vídeos pra tv, mas sim quando decidimos agir, reivindicar, questionar e exigir mudanças.
O país que eu quero tem que ter honestidade, igualdade e fraternidade.

 


Imagem em Destaque: Foto de Rose Valverde – 2016